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Trabalhos Manuais

Hoje em dia, veem-se muito poucos jovens a fazerem trabalhos manuais, artesanato.

Parece que a única razão válida que encontram para mexer os dedos é a usar as novas tecnologias (computador, consola de jogos, telemóvel, etc.) e pouco mais.

Não conhecem outra realidade, e é de lamentar.

É a realidade em que nasceram. Os pais passam o dia a olhar para um ecrã, dependentes e sempre ocupados.

 

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Por isso, desde muito cedo começam-nos a imitar.

Cá em casa, acontece algo parecido. Não vemos televisão, e embora tenhamos muito cuidado em não usar o telemóvel à frente do L, claro que invariavelmente isso acontece. Mas acontece muito mais quando fazemos ou atendemos chamadas, do que a navegar na internet.

E, claro, somos imitados. Como?

Bem, nós temos uma capa de telemóvel que não usamos, e demo-la. Ele adora e gosta de andar com aquilo para todo o lado. E volta e meia, lá anda ele com a capa encostada ao ouvido a fingir que liga para os avós…

Trabalhos Manuais
A Felicidade, do filme “Inside Out”

Cada vez mais começam a surgir novos casos de pessoas muito novas que sofrem de lesões no corpo devido a más posturas. Hérnias discais, tendinites… parecem ser coisas normais nos jovens actuais.

Parece incrível como se pode chegar a uma idade tão jovem e com o corpo a envelhecer.

Descobri recentemente que existe a profissão de jogador profissional de jogos de computador, em que passam o dia inteiro sentados, em frente a um ecrã, a jogarem. E são pagos para isso.

São profissões que, tal como os atletas profissionais, têm uma carreira muito curta, e são obrigados a retirarem-se numa idade muito nova (antes dos 40 anos):

  • Os atletas profissionais, porque o corpo (no seu todo) foi submetido a um enorme desgaste físico durante muitos anos
  • Os outros tipos de jogadores profissionais, porque as suas mãos foram submetidas a um enorme desgaste a fazer o mesmo tipo de movimentos durante longos anos.

Antigamente só quando se chegava a uma idade mais avançada, é que começavam a surgir estes problemas. Mas viam-se, principalmente, nas pessoas que trabalhavam no campo, devido às más posturas originadas pelas colheitas que tinham que fazer.

Tudo tem que ter um equilíbrio.

Tenho conhecimento de pessoas jovens que já têm problemas de tendinite nas mãos e hérnias discais, precisamente porque passam o dia inteiro sentados em frente ao computador. Já para não falar do andarem com um ombro mais elevado que o outro, resultado do longo tempo passado com o telemóvel entre o ombro e o ouvido. Uma espécie de kit mãos-livres prejudicial à saúde.

É o seu trabalho, mas o que é mais valioso?

O trabalho, ou a saúde?

Trabalhar para ganhar dinheiro, para pagar as tuas despesas de saúde que tens devido ao trabalho que fazes.

Reparaste no ciclo vicioso em que muitas pessoas estão, sem se darem conta?

Recentemente, li um artigo publicado na internet, que refere que em Inglaterra, os estudantes de cirurgia estão a ter problemas de destreza manual para coser os seus pacientes.

 

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Como é isto possível?!

Um cirurgião com problemas de destreza? Por favor, digam-me quem são para não os deixarem sequer tocar-me, se chegar a essa altura!

É tão ou mais importante ter elevados níveis académicos, como a necessidade de desenvolver a habilidade e perícia nas mãos.

Outro artigo com que me deparei, refere que foi feito um estudo, em que mais de 60% das crianças preferem usar os computadores do que estar na rua.

 

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Percebo isso tudo, porque são fases da vida.

Eu próprio passei por essa fase dos jogos de computador, quando começaram a aparecer há mais de 20 anos atrás. Estar dias inteiros frente a um computador, tudo era novidade na altura.

Passei por isso tudo.

Mas não foi por causa disso que fiquei viciado. A vida obrigou-me a seguir o meu caminho e a procurar soluções para os problemas que me iam aparecendo.

Como em tudo, tem que haver bom senso.

Começa em casa, por exemplo, com os pais a incentivarem os filhos a fazerem mais trabalhos manuais.

A fazer pequenas reparações, por exemplo. Ou a frequentar workshops de marcenaria, ou outro tipo de artesanato.

 

Um floral em talha, feito por mim

A confiança e a auto-estima eleva-se quando vemos algo feito pelas nossas próprias mãos. Ficamos contentes quando criamos.

 

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Tal como é importante desenvolver a nossa mente ao estudarmos o que nos interessa, também é importante estarmos envolvidos noutras áreas, tais como a música, artes dramáticas, pintura, etc.

Desenvolvermo-nos como um todo, de modo a que tenhamos uma vida rica em experiências nas mais variadas formas.

Sermos um ser completo.

Antigamente, na escola existia uma disciplina que se chamava “Trabalhos Manuais”. Lembro-me perfeitamente, porque aprendi várias artes manuais, entre as quais fazer um livro (desde colocar a capa até coser as folhas com agulha e linha) e um pequeno assador de chouriços em barro.

Será que ainda existe?

São memórias que perduram porque aprendemos muito mais a fazer do que a ler ou a ouvir.

Criar memórias, recordações. É o melhor que podemos ter.

E isso só acontece se envolvermos os nossos filhos em actividades manuais.

 

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Muitos dirão que não gostam, ou que é coisa que já não se faz. Mas secalhar nunca experimentaram, e não sabem se gostam. Afinal, não sabemos o que não sabemos.

Tive a sorte de ter um avô serralheiro que tinha uma pequena garagem com várias ferramentas manuais, e onde ele fazia de tudo um pouco. Até fez uma mesa de ping-pong em tamanho real, para eu e o meu irmão jogarmos! Confesso que gostaria de ter aprendido mais coisas com ele, mas o bichinho ficou cá.

Gosto de arranjar coisas, de inventar. De encontrar soluções.

O ser humano não foi feito para fazer actividades repetitivas durante muito tempo. A monotonia instala-se e a criatividade começa-se a desvanecer.

Para isso existem os robots.

O ser humano é um criador por natureza, um inventor.

Qual foi a tua última criação?

 

Obrigado pela tua presença.

 

 

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