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Como trabalho a madeira

Esta semana dei início a um novo projecto. Confesso que não consigo estar muito tempo sem mexer na madeira, sem construir algo com as minhas mãos, de forma artesanal. Faz-me sentir útil. A forma como trabalho a madeira é primordial para alcançar os níveis de excelência a que me proponho, e para o meu bem-estar.

Não faz sentido ser de outra forma.

Serei eternamente exigente comigo próprio, o que é diferente de ser perfeccionista.

A busca incessante pela perfeição pode levar-nos a estados de ansiedade e de depressão. É importante perceber quando devemos parar.

Não é bom para a nossa saúde tentar chegar a um estado que não existe.

Não nos podemos enganar.

A viagem tem um propósito maior do que o fim em si, e tem muito mais sabor se podermos se soubermos aproveitá-la.

No final, o que importa é compreender que estamos a crescer com o caminho que escolhemos percorrer, e que para isso temos que estar alertas, conscientes.

O facto de procurarmos a perfeição, faz com que nos esqueçamos da viagem e nos foquemos apenas no resultado final.

E com isso podemos procurar caminhos alternativos, mais rápidos, que podem levar-nos ao nosso objectivo, mas que não nos fazem crescer durante a viagem.

Escolhi esta forma de trabalhar porque dá-me satisfação.

Esqueço tudo o que está à minha volta e concentro-me na tarefa que tenho em mãos. Todos deveriam a oportunidade de fazer realmente o que gostam, pelo menos uma vez, nesta passagem por este planeta.

 

Artigo relacionado: Porque sou um amador

 

Ontem foi dia de comprar mais madeira para o meu novo projecto. Será algo para o L brincar e para se exercitar um pouco (esperemos que sem muitas nódoas negras!).

Existem muitos locais onde se pode comprar madeira, desde as grandes superfícies comerciais até às serrações propriamente ditas. E dentro das serrações, existe uma grande variedade.

Confesso que apenas compro madeira nas grandes superfícies comerciais quando preciso de tipos de madeira de baixa qualidade, ou de algo apenas para desenrascar. Depende muito do projecto que tenho em mãos. A variedade também não é muita e a forma como é armazenada deixa um pouco a desejar. A escolha é complicada porque é difícil encontrar madeira que não tenha algum tipo de empenamento.

Para este novo projecto, apesar de ser um protótipo, tinha que ter madeira de boa qualidade, porque a segurança do L é um factor primordial.

A serração oferece-me essa garantia, porque só lá é que consigo encontrar o tipo de madeira que preciso.

Neste caso, era Faia.

E, claro, é sempre bom perceber qual a origem da madeira, e se tem o carimbo FSC

 

Artigo relacionado: Sustentabilidade

 

Após a escolha da prancha de madeira que queria levar (chama-se prancha à tábua comprida, neste caso são 2,30 metros, que é serrada do tronco da árvore), foi necessário perceber se caberia no carro…

Houve algumas dúvidas porque o carro é pequeno, mas com alguns ajustes, consegui trazê-la inteira!

madeira madeira

Ao chegar à minha oficina, é tempo de perceber como vou trabalhar a madeira.

Os esboços e as medidas já feitas ajudam muito, e foi só perceber como serrar a madeira para aproveitar ao máximo as partes que não são necessárias para este projecto.

Tento não desperdiçar nada, e os bocados que não são necessários podem vir a dar jeito para futuros projectos. Nunca se sabe.

Assim, serrei a prancha de alto a baixo, e separei o que me interessava do que não queria.

madeira

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Foram 2,30 metros a serrar manualmente, sempre a seguir uma linha previamente traçada!

De seguida, medi uma das peças que me interessava e serrei-a novamente com um corte transversal, desta vez mais curto.

Desta forma, estou a treinar e a aperfeiçoar as minhas habilidades. A minha destreza e sensibilidade aumentam e sinto uma energia revigorante que me fazem continuar e querer mais.

E gosto do exercício físico que se gera com esta actividade.

Como vês, depois de serrada com as dimensões aproximadas, fica com um aspecto tosco.

Estes cortes que se vêm são o resultado dos cortes feitos na serração, pelas serras das máquinas eléctricas.

Não é este o resultado pretendido, e por isso é necessário agora desbastar esta camada superficial.

Utilizo para isso uma plaina de desbasto rápido, que dá um aspecto ondulante.

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Plaina de desbaste rápido
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Comparação entre superfície a aplainada e a superfície tosca

Algumas pessoas até preferem que as peças de madeira fiquem apenas desta forma, porque dá uma sensação única ao toque e fica com um aspecto rústico. Não deixa de ser interessante.

madeira

Confesso que esta é uma fase exigente, a nível físico.

Requer paciência e resistência.

Dependendo da quantidade de desbaste que é necessário fazer, sinto o coração a bater mais depressa, a bombear sangue mais rápido para todo o meu corpo.

A frequência mais acelerada da respiração indica que estou perante uma actividade física mais intensa, que desperta os meus sentidos e permite-me ao mesmo tempo praticar e treinar as minhas habilidades, aperfeiçoando-as.

Mas ainda estou a meio caminho de ter apenas esta face da peça pronta.

O próximo passo é então alisar e suavizar esta face toda, recorrendo a várias plainas e utilizando também umas peças de madeira para ir verificando o empenamento.

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Plaina de acabamento
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Face da madeira terminada de aplainar e completamente lisa

E no fim, repetir o mesmo processo para todas as outras faces…

É um jogo de paciência, mas também de conhecimento da madeira que está a ser trabalhada e da ferramenta que estou a usar.

O bom de usar plainas manuais é que a fase de do acabamento incluí muito pouco tempo a lixar a peça, porque o trabalho foi todo feito com a utilização da plaina.

Ou seja, reduzo muito o pó que circula no ar e que pode entrar nos meus pulmões.

Todas estas ferramentas manuais têm que estar bem afinadas.

Não faz sentido utilizá-las se não as soubermos afiar, e se não estiverem sempre prontas a serem utilizadas no seu potencial máximo.

É um processo contínuo, que nunca termina, e há que saber quando se deve afiar. Para isso é preciso praticar, conhecer a ferramenta.

O ar puro que respiro, sem máscaras… o som da madeira a ser serrada indica-me quando estou prestes a terminar… a sensação de que não existe mais nada que impossibilite a execução do trabalho, a não ser a minha vontade.

A utilização de ferramentas manuais possibilita-me ouvir o ambiente que me rodeia, e ser mais saudável.

Ajuda também a estar num ambiente mais sustentável e a diminuir a pegada ecológica, já que não poluo o meio ambiente com o barulho das máquinas eléctricas. A única energia utilizada é a força humana.

 

madeira

Consigo sentir a madeira.

Com máquinas eléctricas era totalmente impossível sentir todas estas emoções.

As máquinas têm o seu lugar e deverão ser utilizadas com sabedoria, mas não deverão diminuir o prazer nem a nossa técnica de trabalhar com a madeira.

Qualquer pessoa, ao fim de pouco tempo de treino, consegue ficar apto a manobrar uma máquina eléctrica.

A utilização de ferramentas manuais também pode ser feita por qualquer pessoa, mas é necessário praticar sempre que possível.

A curva de aprendizagem poderá ser um pouco maior, mas isto porque faz-nos treinar todo o nosso corpo e treinar habilidades que não estamos habituados a utilizar.

Mas é isso que torna esta arte tão especial. Está ao alcance de todos, e faz-nos treinar muitas características que vamos usar ao longo da nossa vida.

Esta é a forma como eu trabalho a madeira, e é assim que abordo os outros aspectos da minha vida.

 

Obrigado pela tua presença

 

 

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Sustentabilidade

O que é isto da sustentabilidade?

A sustentabilidade é um conjunto de acções que são tomadas de forma a garantir as nossas necessidades actuais, sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

Está directamente relacionada com o desenvolvimento económico e material, sem prejudicar o meio ambiente, através da gestão inteligente dos recursos naturais, para que se mantenham no futuro.

Alguns exemplos relacionados com a sustentabilidade:

  • Exploração dos recursos florestais de uma forma controlada, garantindo a replantação sempre que for necessário
  • Produção e consumo de alimentos orgânicos
  • Exploração dos recursos minerais (petróleo, carvão, etc.) de uma forma racionalizada e planeada
  • Utilização de fontes de energias limpas e renováveis (eólica, geotérmica e hidráulica), diminuindo assim o consumo dos combustíveis fósseis
  • Reciclagem de resíduos sólidos

 

Como já reparaste, existem muitas formas de ser sustentável, mas irei focar-me mais na florestação sustentável, e quais os seus impactos.

Na semana passada fui a uma conferência de sustentabilidade, organizada pelo FSC (Forest Stewardship Council).

O FSC é uma organização sem fins lucrativos, de âmbito internacional, dedicada à promoção de uma gestão ambientalmente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável das florestas no mundo inteiro.

Através de um sistema de certificação florestal, garante-se que os produtos florestais são provenientes de florestas geridas de forma responsável.

Desta forma, satisfazem-se os direitos ecológicos, económicos, e as necessidades da presente geração, sem comprometer as gerações futuras.

A certificação da gestão florestal responsável torna possível que empresas e consumidores façam escolhas esclarecidas sobre os produtos florestais que compram.

Contribui, assim, para uma mudança positiva através do poder da dinâmica de mercado.

O uso consciente de recursos naturais é essencial para a conservação das florestas.

A certificação da gestão florestal assegura que os produtos são provenientes de florestas, e outras origens, bem geridas (por exemplo, material reciclado).

As florestas são vitais para as nossas vidas, e sabias que cobrem cerca de 30% da área terrestre mundial?

É também o habitat de muitas espécies de animais e plantas, e uma fonte de riqueza, produzindo madeira, resina, cortiça, frutos, óleos essenciais, etc.

Além disso, protegem o solo da erosão, regulam a qualidade da água, criam postos de trabalho e melhoram a qualidade de vida.

Também são utilizadas como espaço de lazer e contacto com natureza.

 

Artigo relacionado: Madeira Mágica

 

Quando adquirires algo feito em madeira, procura saber se foi feito com madeira de florestação sustentável, como garantia de uma melhor gestão florestal e uso responsável dos seus recursos.

Infelizmente, só se consegue fazer a gestão quando é rentável, o que nem sempre é possível.

 

Sustentabilidade
À entrada para a conferência

 

Foi interessante verificar que, à medida que existe mais degradação nalguns troços das florestas, existem espécies de peixes nativos que vão desaparecendo.

Desta forma, vão dando lugar ao aparecimento de outras espécies não nativas (exóticas).

Já pensaste bem no impacto que pode ter?…

As boas práticas florestais contribuem para a boa prática dos ecossistemas aquáticos, que é controlada através da certificação.

Por exemplo, hoje em dia ainda existem muito poucas gráficas que utilizam papel certificado, o que é de lamentar.

Ao escolhermos produtos certificados, estamos a contribuir para ajudarmos a cuidar das nossas florestas.

Quando se ouve falar em desflorestação, a primeira coisa em que podemos pensar é que não vamos consumir mais madeira.

Mas podemos e devemos continuar a comprar produtos florestais, precisamos apenas de garantir a sua origem.

Um factor curioso é que, se pararmos de consumir produtos florestais, as florestas podem acabar.

Parece contraditório, mas, se isso acontecer, essas mesmas áreas serão substituídas por outros usos, ou ficarão ao abandono.

Sabias também que em comparação com outros materiais de construção tradicionais, a madeira requer muito menos energia para ser produzida?

A certificação florestal também ajuda a planear o ordenamento florestal, garantindo a diversificação de várias espécies de árvores, diminuindo o risco de incêndios.

O importante é saber a origem dos produtos florestais que consomes.

A nossa responsabilidade é escolher produtos provenientes de florestas geridas de forma responsável.

Contribuímos assim para a salvaguarda da biodiversidade e dos direitos das comunidades que vivem na floresta.

Cada um de nós é responsável por cuidar da nossa floresta.

Vamos cuidar do nosso planeta?

Tens a consciência de comprar produtos com certificação?

 

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Porque sou um amador

Porque sou um amador, muitas vezes deixo-me levar pelo meu entusiasmo e paixão a fazer coisas que pensava não conseguir fazer. Daí a sair da minha zona de conforto e a ultrapassar os meus limites é um pequeno passo.

Será que a diferença entre ser amador e profissional é bem entendida?

Um profissional é melhor que um amador?

A palavra amador pode ter uma conotação depreciativa e pode induzir em erro.

Do dicionário, a palavra amador é:

  1. aquele que ama
  2. aquele que exerce alguma atividade sem interesse pecuniário
  3. aquele que se dedica apenas por vontade ou curiosidade, não por profissão

Infelizmente também pode indicar alguém que é inexperiente naquilo que faz. Contudo, não é nesse sentido que me refiro.

Quantas vezes cheguei a um ponto na minha vida em que disse para mim próprio que não conseguia fazer isto, ou que pensava não conseguir fazer aquilo?

E de repente, dei comigo próprio a fazê-las.

As minhas condições de trabalho podem não ser as ideais, mas não é isso que me impede de alcançar a minha visão.

Muitas vezes fiz o que considerava impossível. Simplesmente porque não sabia que não o conseguia fazer.

O mesmo acontece com todas as pessoas que são amadoras naquilo que gostam de fazer.

Transmitem energia e contagiam as pessoas à sua volta com o seu entusiasmo.

São obrigadas a saber mais da área que amam, e permitem-se evoluir com o objectivo de progredirem um pouco mais e fazerem ainda melhor aquilo que já fazem bem.

A minha paixão por saber mais e fazer trabalhos em madeira cresce dia após dia, e sinto falta quando estou algum tempo parado.

 

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Claro que com a paixão, mais tarde pode surgir a oportunidade de fazer disso um modo de vida. A qualidade dos trabalhos transparece em cada esforço feito na sua execução, e isso chama a atenção.

Amador é aquela pessoa que chega a casa depois de um dia cansativo de trabalho e ainda fica a trabalhar na sua verdadeira paixão durante a noite.

Amador é aquela pessoa que encontra sempre um pouco de tempo onde a maior parte das pessoas pensa não existir, para fazer aquilo que realmente gosta.

Amador é aquela pessoa persistente e resiliente, que sabe que por detrás de um fracasso, logo a seguir vem um sucesso.

A maior parte dos trabalhos amadores em nada fica a dever ao trabalho dos profissionais da área, no que diz respeito à criatividade ou ao aspecto estético, por exemplo.

A palavra amador pode remeter para alguém que faz algo como passatempo, e não alguém que domina o que faz.

Está muito longe da realidade, e muito longe do que qualquer pessoa pode alcançar com algumas horas de prática contínua.

Quando decides que queres fazer algo, ou ser a pessoa que faz algo, já te tornaste nessa mesma pessoa.

Claro que no início, nem todos têm o talento necessário, se é que essa palavra interessa.

O talento alcança-se com a prática contínua, derivada da paixão por fazer o que se quer fazer.

Ter ou não talento a fazer algo, não significa nada.

Agora, ser uma pessoa talentosa, é diferente. É para esse fim que trabalhamos.

Muitas vezes, nem precisamos de um papel que explique o que somos e o que fazemos.

E que muito menos nos identifique.

Quando o nosso trabalho fala por nós e fazemos o que gostamos, ter um canudo não significa nada.

amador
A aperfeiçoar uma estrela feita de madeira maciça de Mogno e de Bétula

A maior parte das pessoas estuda durante muitos anos, para tirarem cursos universitários.

E depois? Depois esperam encontrar um trabalho onde se sintam realizados.

Muitos encontram-se desapontados na procura pessoal pelo seu desenvolvimento, crescimento e maturidade.

Não se conseguem encontrar.

É esse tipo de pessoas que percebem que não estão a fazer aquilo que realmente gostam.

São esses amadores que lutam pela sua arte e pelos seus sonhos.

Num grupo de amadores, já reparaste que não existe concorrência, tal como pode existir num grupo de profissionais?

Os amadores fazem o que mais gostam, quer sejam pagos ou não.

Não vivem para vender o seu trabalho, e é isso que lhes permite estar numa consciência mais elevada do que muitos profissionais.

Fazem parte de um grupo inclusivo.

Raramente é um grupo competitivo e pretensioso, onde as pessoas fazem de tudo para se poderem destacar.

Os amadores amam a sua arte, nada os faz parar e perseguem os seus sonhos às suas próprias custas.

Os amadores são como esponjas, absorvendo o máximo que podem de várias fontes, filtrando depois o que melhor valorizam dessa informação.

O objectivo principal dos amadores não é receber dinheiro da sua arte, porque de facto eles amam o que fazem. Sobretudo, sentem-se humildes ao aprender sempre um pouco mais. Desta forma, sabem que se estão a tornar numa versão melhor do que são no momento presente.

A verdadeira arte está em continuar a ser amador quando o teu trabalho é exemplar e começa a ser notado, e as pessoas estão dispostas a pagar para lhes fazeres algo.

Para isso, é necessário ser verdadeiramente humilde.

Todos deveriam criar a oportunidade de serem amadores e seguirem a sua paixão.

De certeza que haveriam pessoas mais felizes.

És amador nalguma arte?

O que gostarias realmente de fazer?

 

Deixa  o teu comentário, gostaria de saber a tua opinião.

 

 

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Nota: Algumas passagens foram adaptadas do blog de Paul Sellers.

Tipos de Madeira

Existem vários tipos de madeira, e vou esclarecer quais os mais comuns que podes encontrar quando vais comprar algo feito em madeira, e que provavelmente já ouviste falar.

Porque precisas de saber isto, se só te interessa realmente em comprar o objecto feito em madeira?

Por vezes existem pessoas que podem não ser totalmente honestas contigo quando estão a vender um produto.

Desta forma, ficas com este conhecimento.

Podes, inclusivé, argumentar e mostrar que também sabes realmente o que queres.

 

MADEIRA MACIÇA

tipos de madeira
Madeira maciça de Pinho

A madeira maciça é a madeira que foi serrada directamente do tronco da árvore.

Pode ter qualquer que dimensão, desde peças pequenas a peças grandes.

Após ser cortada da árvore, existe todo um processo de secagem que pode afectar a sua estabilidade.

Este processo de secagem pode ser natural ou por secagem forçada, através de uma estufa própria.

As madeiras que são secas através de um processo longo de secagem natural, têm tendência a serem mais estáveis.

Sendo madeira pura, não tem adição de fibras sintéticas ou qualquer tipo de aglomerado, e não sofre qualquer tipo de processo industrial que transforme as suas propriedades físicas e químicas.

Outros tipos de madeira, tais como MDF, contraplacado ou aglomerado, são produzidos através de compósitos de madeira.

No comércio justo, a madeira maciça é proveniente de áreas de florestação sustentável.

Significa que são áreas que foram criadas única e exclusivamente para este fim e que não são retiradas de florestas nativas.

Têm, por isso, a marca FSC.

 

Artigo relacionado: Sustentabilidade

 

A nível estético, possuem a beleza e a nobreza de um produto natural.

Na realidade, os veios, texturas, cores e aromas, ganham todos outra dimensão com a madeira maciça, oferecendo uma experiência mais interessante.

É também uma madeira mais difícil de ser riscada ou danificada, podendo ser reparados.

É mais resistente e mais pesada que outros compostos de madeira.

Pode durar uma vida (passando até por diversas gerações) sem sofrer deformações através da humidade ou da luz solar, quando são tomadas as devidas precauções.

 

Artigo relacionado: Vantagens dos brinquedos de madeira

 

Este tipo de madeira é muito utilizado, por exemplo, em partes de móveis que necessitem ter uma estrutura firme e sólida, com cortes espessos.

Exemplos disso são os pés dos móveis, pernas de cadeiras e de mesas.

A Faia é a espécie de madeira de eleição para os brinquedos e materiais pedagógicos de madeira.

 

Artigo relacionado: A melhor madeira para os bebés

 

 

CONTRAPLACADO

tipos de madeira
Contraplacado de bétula

O contraplacado é um tipo de madeira retirado directamente do toro da árvore (tronco da árvore, depois de retirada a sua casca e os seus ramos).

É retirado em folhas finas de grandes dimensões, através de processos que evitem deformações.

Estas folhas são depois coladas umas às outras através de calor e pressão com colas fortes (formando uma única chapa, numa espécie de sanduíche).

Cada folha tem o seu veio perpendicular à folha adjacente, para maior força e resistência.

Fica feita assim a chapa de contraplacado.

Numa chapa de contraplacado deverão existir um número ímpar de folhas, porque a sua simetria faz com que a chapa seja mais equilibrada e estável.

Quanto maior o número de folhas, maior a resistência do contraplacado.

Desta forma, são resistentes a deformações e tornam-se muito estáveis.

Têm também as mesmas características que a madeira em relação à elasticidade e ao peso.

No entanto, apresentam uma maior resistência e homogeneidade, o que permite o fabrico de peças de grandes dimensões.

As vantagens em relação à madeira maciça, é que é menos propensa a rachar, a encolher e a torcer (o chamado “empenamento”).

Tal como a madeira maciça, no comércio justo, deverá ser proveniente de áreas de florestação sustentável, com a marca FSC.

São produtos com uma grande amplitude de aplicações, em que os outros tipos de madeira podem não oferecer uma grande estabilidade.

Devido aos inúmeros tipos de revestimentos que podem ter, são muito utilizados na indústria do imobiliário.

 

MDF

tipos de madeira
MDF termolaminado branco

MDF (Medium Density Fiberboard), traduzido para Português, significa Fibras de Densidade Média, e é um outro derivado da madeira.

É um material uniforme, plano, denso, e bastante pesado.

Ao contrário da madeira maciça, não tem nós nem veios, o que faz com que seja muito difícil de empenar, e a sua superfície suave e lisa faz com que não se soltem lascas ou rasgos quando é trabalhado.

O MDF é fabricado através da aglutinação de fibras de madeira (serradura e aparas) com resinas sintéticas e outros aditivos.

As fibras são retiradas da madeira, e depois são cozidas a vapor a alta pressão.

Posteriormente, são ligadas com resinas e passam pelo processo de calor e prensagem, formando assim painéis rígidos, e com o tamanho desejado.

Ao apresentar maior homogeneidade que o aglomerado de partículas (falarei a seguir), tem maior estabilidade e resistência face a variações de humidade.

No entanto, no MDF que não tem qualquer tipo de tratamento (ou seja, no estado crú), é necessário ter precauções relativamente ao contacto com a água.

Se isso acontecer, pode sofrer deformações e inchar, embora hoje em dia já exista MDF resistente à humidade.

Devido à sua composição, é produzida muita poeira quando é trabalhado, o que faz com seja necessário ter cuidados redobrados na renovação do ar respirável.

Existe uma grande preocupação relativamente à utilização do formaldeído nas resinas utilizadas no fabrico do MDF.

Os riscos de saúde envolvidos são enormes, suspeitando-se que possa ser carcinogénico.

Quando está a ser trabalhado, continua a libertar uma espécie de gás (imperceptível ao olho humano), e muita poeira, que pode provocar irritações nos olhos e nos pulmões.

Existem, por isso, medidas preventivas que é necessário acautelar aquando da sua utilização: utilizar um bom sistema de aspiração, trabalhar ao ar livre se possível e com máscara, por exemplo.

É utilizado maioritariamente na indústria dos móveis, decoração, publicidade, maquetes, etc., por ser muito versátil a moldar e a trabalhar.

É um produto mais barato e um bom substituto para a madeira maciça (apenas nos exemplos referidos).

Excepto quando é necessária maior rigidez, claro.

 

 

AGLOMERADO DE MADEIRA

tipos de madeira
Aglomerado com folha de melamina branca

O aglomerado de madeira (ou aglomerado de partículas), é um outro derivado da madeira.

É também conhecido pela sigla MDP (Medium Density Particle), que em Português significa aglomerado de partículas prensados em média densidade.

A produção deste tipo de material tem evoluído significativamente desde há vários anos, apresentando hoje em dia um grande nível de qualidade.

Como consequência, tem uma baixa utilização de formaldeídos na sua composição e excelente padrão de acabamento.

O MDP pode ser produzido com partículas de madeira de cultivo florestal (principalmente de pinho e eucalipto), ou através de restos de madeiras (reciclagem).

São depois agregadas entre si com resinas ureicas, sujeitas a temperatura e pressões elevadas.

Através de prensagem, dão origem a painéis de grandes dimensões (tal como se passa com o MDF).

Não é apropriado para utilizar em lugares húmidos ou expostos à luz directa do sol

É muito utilizado na construção de móveis que tenham apenas linhas rectas já que este material não pode ser moldado.

Exemplos disso são armários, mesas, balcões, e principalmente onde há necessidade de ter bom acabamento e uniformidade.

A maior parte (se não toda) da linha de móveis que é vendida numa grande superfície bem conhecida, é feita através deste tipo de madeira.

Devido ao seu baixo custo de fabrico e bom acabamento, conseguem-se assim móveis de boa qualidade com um preço mais reduzido.

No entanto, a sua durabilidade é muito questionável.

Enquanto que as construções feitas de madeira maciça duram uma geração ou mais, as construções feitas com aglomerado duram muito menos tempo.

 

Estes são os vários tipos de madeira que existem.

Qual o melhor?

Depende do tipo de aplicação, como já verificaste.

Para brinquedos e materiais pedagógicos, por exemplo, o melhor é sempre a madeira maciça (Faia, de preferência).

Dependendo do tipo de objecto, o contraplacado também pode ser utilizado nalgumas situações.

O mais interessante disto tudo, é que todos os tipos de madeira são provenientes apenas de única fonte: a árvore.

 

Artigo relacionado: Madeira Mágica

 

Espero ter ajudado a esclarecer algumas dúvidas que possas ter.

 

Obrigado pela tua presença.

 

 

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Segurança nos Brinquedos – EN 71 e COVs

Segurança nos brinquedos??

Sim, existe, e vou falar-te dos principais perigos que deves evitar para que o teu bebé, tu e mundo sejam mais saudáveis.

Não precisas decorar as siglas, mas sim entender o que está por detrás de cada uma delas.

E, principalmente, o quanto te podem ajudar nas próximas compras que fizeres.

Vou explicar o que são e o que representam, bem como os testes de qualidade a que estão relacionadas.

Como “amigos” muito próximos das crianças, os brinquedos são muito importantes para o seu desenvolvimento físico e intelectual.

Contudo, os brinquedos que revelem algum risco de segurança, podem causar sérios danos e problemas de saúde às crianças.

Vários países da União Europeia e do mundo inteiro (EUA, China, Austrália, Canadá, Japão, Nova Zelândia, etc.) adoptaram requisitos de segurança, e têm as suas normas específicas.

A EN 71 é uma norma europeia responsável pela especificação dos requisitos de segurança para brinquedos.

Esta norma é dividida em 13 partes, sendo que cada uma delas representa um teste a uma característica única do brinquedo.

A parte que interessa aqui focar é a número 3 (doravante EN 71-3), que é responsável pela especificação da migração de certos elementos (neste caso, os metais pesados).

O que significa isto?

Os metais pesados são utilizados, de uma forma comum, nos materiais em estado bruto que se encontram presentes nos brinquedos, nos colares, nas pulseiras, etc.

À medida que se vão acumulando no corpo humano, apresentam um grande risco para a sua saúde.

A comunidade internacional validou uma série de normas de segurança para restringir e controlar o uso de metais pesados nos brinquedos.

A EN 71-3 define os limites máximos dos elementos migrados nos materiais acessíveis, ou nas partes dos brinquedos.

Exemplos de elementos migrados: arsénico, bário, cádmio, crómio, chumbo, mercúrio, estanho, cobre, níquel, entre outros.

Dizem-se “elementos migrados”, porque referem-se aos solutos (substâncias que podem ser dissolvidas) extraídos dos materiais dos brinquedos, após um contacto contínuo com o ácido gástrico.

Estes elementos encontram-se nas tintas e vernizes, por exemplo, ou noutras substâncias da mesma natureza.

Em Junho de 2018, o Comité Europeu de Normalização (CEN) publicou uma adenda a esta norma.
A mudança vital nesta adenda, é essencialmente a alteração dos limites de migração destes elementos em conformidade com a Directiva (UE) 2017/738. De acordo com esta Directiva, os novos limites já entraram em vigor em 28 de Outubro de 2018, e são muito mais restritos.

E os brinquedos que são importados da China?

Pois bem, a compatibilidade com a EN 71-3 é um requisito obrigatório quando se importam brinquedos para a União Europeia.

Muitos importadores não entendem que a compatibilidade com esta norma é mais complexa do que se possa pensar.

Muitas lojas (na internet e não só) vendem materiais pedagógicos importados da China, e podem não ter esta preocupação em mente.

Simplesmente porque não se interessam, ou por desconhecimento.

Mas é um factor que tem que se ter em atenção.

Por isso, escolhe bem os brinquedos (ou materiais pedagógicos) para o teu filho.

Mesmo que sejam só de madeira, não tenham nenhuma parte electrónica nem mecânica ou de metal, o mais provável é que sejam pintados ou envernizados.

 

Artigo relacionado: O perigo escondido das tintas

 

A tinta, o verniz ou o óleo são certificados pela EN 71-3?

Muitos fabricantes de tintas (se não a maior parte deles), publicitam que as suas tintas são amigas do ambiente (incluem muitas vezes a etiqueta “ECO” para chamar a atenção) e são próprias para pintar a mobília dos quartos das crianças, etc., mas será que esta tinta corresponde a estes requisitos?

Sempre que comprares um brinquedo ou material pedagógico, pergunta (e insiste, se não te responderem na tua primeira insistência, ou se a resposta não for satisfatória):

  • Qual a origem do mesmo, onde foi feito?
  • As tintas e os vernizes são certificados pela EN 71-3?

É muito importante, para a tua saúde e para a saúde do teu filho.

cilindro de pinça pincer grasp
O meu filho a brincar com materiais pedagógicos Montessori feitos artesanalmente por mim, com acabamento com óleo certificado pela EN 71-3

Muitos fabricantes também publicitam que os seus produtos (sejam brinquedos, materiais pedagógicos, etc.) são posteriormente tratados com tinta aquosa, óleo natural, cera natural, ou até goma-laca.

Não estou a colocar em causa que não são produtos naturais e amigos do ambiente, mas…terão as certificações exigidas? Foram sujeitos a testes de laboratório, para que seja seguro o teu bebé mexer e colocar na boca?…

Os Compostos Orgânicos Voláteis (COVs, ou VOCs em inglês), são também um dos poluentes mais perigosos.

Alguns emissores de COVs são tão perigosos que são tóxicos e podem ser considerados carcinogénicos, ou seja, que podem dar origem a um carcinoma (tumor cutâneo).

A inalação prolongada deste tipo de emissores é um dos grandes factores de risco, e torna-se um grande perigo para a saúde humana, podendo causar sérios riscos e malefícios.

Infelizmente, é muito fácil encontrar os COVs, principalmente nas nossas casas.

Mas o que são, afinal, os COVs, e onde estão presentes?

Os COVs são componentes químicos que geralmente evaporam à temperatura e pressão ambiente.

Desta forma, dão origem a partículas voláteis que são libertadas para a atmosfera sob a forma de gás.

Esta libertação acontece de uma forma muito gradual, sendo imperceptível aos nossos olhos.

São perigosos não só para o ser humano, mas também para o meio ambiente.

São bons solventes (substância que permite a dispersão de outra substância) e extremamente eficazes para dissolver tintas.

Por isso mesmo são encontrados nos meios internos de construção, onde a ventilação não é a mais eficaz.

Estão presentes nos produtos sintéticos e naturais, como sejam os vernizes e solventes de tintas.

Além disso, existem também nos produtos de limpeza, repelentes, cosméticos, pesticidas, cola, combustíveis, papéis de parede, carpetes, etc.

O problema intensifica-se quando são libertados num ambiente fechado, como por exemplo numa casa: pode fazer com que as pessoas inalem uma concentração elevada destes vapores.

Destas inalações prolongadas podem resultar sintomas menos graves, tais como:

  • irritação da garganta, do nariz e dos olhos
  • problemas de respiração

Os sintomas mais graves poderão ser mais problemáticos:

  • náuseas
  • vertigens
  • fadiga
  • problemas nos rins e no fígado

Os sintomas variam muito de um produto para outro, consoante também o tempo de exposição.

Os efeitos dos COVs são particularmente difíceis de detectar de uma forma directa, porque dependem muito das quantidades absorvidas e do tempo de exposição.

Os COVs que estão presentes nos fumos dos cigarros, nos carros e combustíveis, por exemplo, podem causar cancro.

Na atmosfera, este tipo de composto pode surgir através da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel e querosene, entre outros).

Desta forma, originam a famosa neblina de poluição que já se vê nalguns países (o famoso “smog”, ou seja, nevoeiro contaminada por fumaças).

São, por isso, considerados gases com efeito de estufa, ocasionando o aumento da concentração de ozono.

Isso significa que é responsável, em parte, pelo aumento da temperatura do planeta.

Para além do aquecimento global, ou seja, o aumento da temperatura média global do planeta, os COVs podem também contribuir para a poluição da água.

Isto pode acontecer quer por contacto directo do ar, quer pela absorção das argilas e lamas através das quais a água corre.

brinquedos
“Smog”

 

Por isso, todas as espécies (animais e vegetais) são afectadas pelos poluentes como o ozono.

As tintas são também uma das grandes formas de propagação dos COVs, através dos seus solventes.

Cada vez mais os fabricantes de tintas estão a apostar nas tintas que são à base de água e não têm solventes sintéticos.

Mas isso não significa que sejam certificadas para uso em brinquedos ou materiais pedagógicos.

Por isso, tem atenção com o tipo de tinta que usas para pintar as paredes da tua casa, e que estão também presentes nos brinquedos e materiais pedagógicos do teu filho.

Apesar da emissão dos COVs ser regulada e existir um valor máximo permitido por lei, este é um factor a ter em conta.

Tenta sempre perceber qual o valor de COVs que a tinta que vais usar para pintar a tua casa tem

Ou se o brinquedo/material pedagógico foi pintado com uma tinta certificada e com o valor mínimo de COVs.

Pergunta sempre que queiras saber mais, é um direito teu.

 

O ideal será uma tinta certificada pela norma EN 71-3, que não tenha COVs, não tenha solventes, não tenha cheiros e não tenha metais pesados.

 

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Gostaria de saber a tua opinião.

 

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A minha Busy Board

Já há algum tempo que o meu filho tem vindo a demonstrar que necessita de outro tipo de estímulos e que gosta de trabalhar a fazer outras actividades. O primeiro pensamento que me ocorreu foi: “Chegou a hora dele ter uma busy board!”.

Em Montessori, trabalhar é o nome que se dá a brincar.

Diz-se que a criança está a trabalhar quando está brincar, porque está a exercitar o cérebro, as capacidades emocionais, sociais, psicomotoras, etc.

Tal como todos os bebés, o meu filho sempre gostou muito de mexer nos interruptores das luzes, de abrir as portas dos armários da casa toda, de ser ele a meter a chave na fechadura da porta da rua, e por aí fora.

Penso que já percebeste onde quero chegar.

Muito provavelmente identificas-te ou identificas alguém que está a passar esta maravilhosa fase da descoberta.

Enfim, é todo um mundo novo para eles, e faz todo o sentido que o explore.

A busy board (ou painel sensorial) é um quadro que tem várias actividades para a criança explorar.

Desta forma, ajudam-na a trabalhar em várias vertentes (já mencionadas acima), inclusive a motricidade fina.

Antes de iniciar este projecto, pesquisei muito.

Inteirei-me melhor sobre o que era uma busy board, quais as suas possibilidades e quais os diferentes tipos que existem.

Reparei que existem muitos, mas mesmo muitos tipos diferentes.

Cada qual tem um conjunto de actividades diferentes, e é quase impossível encontrar duas busy boards iguais.

Até porque simplesmente o conjunto de actividades a representar é tão vasto, que seria impossível agregar tudo numa só.

Ficaria enorme, já para não dizer muito confusa.

A juntar a tudo isto, existe também uma grande variedade de cores.

Muitas delas são tão fortes que retiram a atenção da actividade em si, e centram-na no objecto.

Não era esse o caminho que queria seguir, e penso que (infelizmente) a vertente comercial tem um papel predominante a desempenhar neste tipo de busy boards

Decidi então que teria que ter muitas fechaduras, das mais diversas variedades.

E interruptores, se possível que acendam mesmo uma luz, para se ter a percepção da causa-efeito.

Fui então às compras (algumas coisas encontrei localmente, outras tive que encomendar pela internet).

Depois foi uma questão de fazer um esboço que como iria dispor os vários elementos, consoante as medidas que iriam ter e o espaço que iriam ocupar.

 

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Claro, foram necessárias várias tentativas antes de acertar, mas afinal de contas, os protótipos servem para isso mesmo: para vermos se a nossa ideia funciona realmente!

Queria também dar uma funcionalidade extra às portas, além do simples gesto de as abrir e fechar.

Claro que os bebés ficam entusiasmados apenas com o simples facto de abrir uma fechadura e a porta (e repetem vezes sem conta até aperfeiçoarem o gesto).

Mas não seria muito melhor se por detrás de uma porta, estivesse uma fotografia ou  um desenho, em vez de um simples buraco, por exemplo…?

Seria um estímulo diferente, e até recompensador.

Daí que tive a ideia de fazer as portas com as dimensões adequadas para colocar lá dentro fotografias de 10x15cm, se assim o quisesse.

Podem-se colocar lá as nossas fotografias ou as dos nossos familiares.

Ou então desenhos de animais.

E que tal contar uma pequena história através das diferentes portas?

Ou brincar ao jogo da memória, e lembrarmo-nos onde está uma fotografia ou o desenho específico?

Ou contar até 7?

Ou mostrar as primeiras 7 letras do abecedário?

A imaginação não tem limites, e neste caso, é só dar asas à imaginação.

busy board
Fotografias de animais

Claro, também não quis que todas as portas fossem iguais e que abrissem sempre para o mesmo lado.

Por isso, existem portas a abrirem em todas as direcções.

Outra questão que surgiu foi como iria colocar as dobradiças nas portas… vi as várias formas possíveis, e optei pela mais difícil e trabalhosa (porque o espaço para trabalhar é muito limitado, dado que as portas são pequenas) e que, no fundo, é como são colocadas em qualquer porta normal.

E esteticamente fica bem mais apelativo do que ter as dobradiças presas pelo lado de fora.

Os bebés têm um sentido apurado para apreciar arte e percebem o que é bonito ou feio.

Optei também por colocar interruptores com as 3 cores primárias, para ele começar também a identificá-las, e um outro que sobe e desce.

Agora um pequeno aparte… confesso que ele não liga muito a este último, e se calhar até estava a pensar um pouco em mim, porque fez-me lembrar os interruptores dos cockpits dos aviões e helicópteros…

Sim, a construção desta busy board fez viajar-me um pouco no tempo e voltei à minha infância!

E de vez em quando sabe bem imaginar que levantamos voo e ligamos o turbo…

A rodinha preta, claro, tinha que fazer parte, porque sabia de antemão que ele iria gostar de mexer e de a ver rodar.

E a aposta foi ganha, porque todos os dias é colocada a rodar…

E como ele gosta de acender e apagar as luzes cá de casa, coloquei também um interruptor normal para que ele pudesse treinar.

Mas sentia que faltava algo, um interruptor verdadeiro, onde ele pudesse realmente acender e apagar uma luz.

Optei então por um que não tivesse a luz muito forte e que desse para controlar a intensidade.

Busy board
Interruptor de luz variável

Claro, escusado será dizer que adora brincar com este também.

E o labirinto sem saída, que está em baixo? É um desafio que optei por fazer, e que até a mim me apetece brincar.

As roldanas permitem-lhe também puxar as cordas para cima e para baixo, e com as fitas de várias cores consegue ter uma percepção melhor do movimento que faz.

Além do extra que é ver as fitas a andarem.

O cadeado preto…. confesso que vai ser um desafio enorme, até porque por vezes nem mesmo nós, adultos, acertamos bem na combinação.

Mas faz também com que esta busy board tenha um tempo de vida bastante longo.

Além de que, pode-se usar este tipo de cadeado para prender as correntes, ou prender a fechadura de outra porta, por exemplo.

Em relação à estrutura em si, tive que colocar um painel traseiro para proteger não só as pequeninas mãos de irem mexer onde não devem (podendo aleijar-se), mas também as zonas onde esta busy board pode encostar (paredes, móveis, etc.).

Cá em casa, costumamos encostar a um sofá ou a um móvel.

É possível também colocar uns suportes traseiros (na parte superior) para não oscilar quando se encosta nalguma superfície vertical desnivelada (uma parede em que existe a margem do rodapé, etc.).

busy board
Busy board junto a uma parede, suportada pelos apoios traseiros (aqui vê-se que o chão está um pouco inclinado…)

Podia optar por deixá-la encostada a uma superfície sem nenhum apoio, mas os bebés são pequenos exploradores natos, e muito facilmente poderia cair-lhe em cima, ferindo-o seriamente.

Para se manter em pé sozinha, fiz uns pés de forma a sustentar toda a estrutura. Deixei também um espaço para que seja possível colocar uns pés traseiros, não vá ser necessário colocá-la nalgum sítio onde não seja possível encostá-la

Desta forma, aguenta-se sozinha.

Decidi moldá-los e dar um pequeno toque de arte, para que não sejam apenas paralelepípedos em modo bruto e sem graça.

E assim também não perdem a sua funcionalidade.

busy board
Pés elegantes

Claro que todas estas precauções não invalidam que esteja um adulto por perto a supervisionar… afinal, os bebés conseguem testar os brinquedos ao limite.

Confesso que as protecções laterais não fizeram parte do plano inicial, mas foram colocadas por sugestão (e bem) da minha mulher.

Mais uma vez, os protótipos servem para isso mesmo, para alterar o projecto à medida que se vai realizando.

E as mulheres têm sempre boas ideias.

Sempre é um resguardo extra e é menos uma zona passível de ser explorada.

Tive que colocar também uma pega, porque trata-se de um objecto com dimensões grandes e já algo pesado no seu todo, e assim fica mais portátil e fácil de manusear.

Quando chegou a casa, dissemos ao L que tinha uma surpresa à espera na sala.

Todo contente, lá foi ele ver o que era… e claro, a sua cara iluminou-se de alegria assim que a viu!

Nem sabia bem o que fazer, tal não era a quantidade de coisas novas para mexer e fazer!

Ficou, sem exagero, 20 minutos a brincar com a surpresa (como ele a baptizou)!

20 MINUTOS!

20 minutos num bebé significam umas 2 horas!

Impressionante ter-se mantido focado tanto tempo!

Claro que cada bebé tem os seus objectos preferidos, e o do L é a rodinha preta, que farta-se de rodar e nunca se cansa.

Também fiz esta busy board tendo em conta os requisitos do meu cliente.

E claro, para isso é importante seres um pai consciente, estares presente e conheceres o teu filho.

 

Artigo relacionado: A importância de ser um pai Presente

busy board
Surpresa! Aqui está um cão escondido

“O L gosta da surpresa”, repetiu vezes sem conta enquanto brincava.

E claro, encheu-me o coração ouvir estas palavras e vê-lo a brincar com algo que eu fiz, fruto das minhas próprias mãos, utilizando apenas ferramentas manuais.

 

Obrigado pela tua presença.

 

 

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