O que estamos a fazer às nossas crianças?
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Quando passo no parque infantil ao pé da minha casa, muitas vezes reparo que está vazio.
O que estamos a fazer às nossas crianças?
Com o aparecimento do bom tempo, seria normal que se vissem mais crianças a brincar na rua.
Embora possa não haver uma relação directa, o que é certo é que, hoje em dia, muitas crianças preferem ficar em casa a olhar para um ecrã, do que brincar fora das quatro paredes.
As crianças aprendem muito por imitação, e os seus primeiros ídolos e professores são os seus pais. E, infelizmente, o mais conveniente para os pais é que os filhos fiquem no ambiente protegido de casa.
E de preferência sossegados. E isso só é possivel se estiverem a brincar com jogos de tabuleiro com os pais, por exemplo.
Ou como os pais muitas vezes andam ocupados e não têm tempo, a brincarem sozinhos.
E qual é a brincadeira, por excelência, que permite que as crianças fiquem quietas no mesmo lugar?
Jogos de computador, telemóveis ou televisão: tudo o que implique olhar para um ecrã!
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É urgente quebrar este ciclo e levar as crianças para a rua.
Brincarem umas com as outras, sujarem-se, estarem em contacto com a natureza.
Só desta forma a criança pode desenvolver:
- as suas competências sociais
- as suas competências de liderança
- o saber estar
- a imaginação
- a criatividade
Infelizmente, existe um termo (muito recente) para designar esta desconexão com a natureza: Transtorno de Deficit de Natureza (criado por Richard Louv).
É muito importante as crianças brincarem livremente, sem regras nem estruturas. Deixar a criança ser criança.
O ser humano precisa do contacto com a natureza para se encontrar, para estar bem consigo próprio. Estamos cada vez mais a criar ambientes preparados em casa para que as crianças usem cada vez menos todos os seus sentidos.
Ao olharem para um ecrã, estão apenas a usar a visão e a audição.
As crianças sentem-se menos vivas porque o seu cérebro está a interpretar e a viver a realidade do que estão a ver no ecrã, ao invés de interpretar a sua própria realidade.
O facto de nos sentirmos bem desta forma, é porque estamos num “ambiente seguro”, a observar o que se passa por detrás do ecrã. É uma “partida” que o nosso cérebro nos prega, mas que é necessário combater.
Se temos tendência a ficar mais felizes e mais mentalmente saudáveis quando estamos na natureza, por alguma razão será.
Ainda não existem muitos estudos sobre o autismo, mas alguns pais sentem uma mudança quando levam mais vezes o seu filho autista para a natureza.
Professores também revelam mudanças de comportamento em relação aos seus alunos “problemáticos” quando saem para a natureza: não só estes alunos são bem comportados, como se tornam líderes.
O que estamos a fazer às nossas crianças, ao obrigá-las a estarem sentadas o dia todo em cadeiras nas salas de aula?
A fazerem exames atrás de exames, sempre com a ideia de que só assim serão melhores seres humanos?
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Desta forma, surgem os tais medicamentos (como a Ritalina) para ajudarem a “acalmar” as crianças mais irrequietas. São convenientes para os adultos, mas prejudiciais para a saúde das crianças e com efeitos secundários (e nada benéficos) a longo prazo.
Já pensaste que poderá existir uma relação com o facto de estarmos a retirar às crianças o contacto com a natureza…?
Já para não falar da vitamina D, que tanto nos faz falta, e que estamos a deixar de consumir de uma forma natural.
E a obesidade infantil, que está a aumentar de uma forma assustadora, e que está relacionada com o sedentarismo?
Richard Louv refere mesmo que deixar as crianças sentadas o dia todo é como se fosse o novo fumar.
Como pais, podemos e devemos dar o exemplo, ao retirar os nossos filhos de casa e ir com eles passear pela natureza. Todos ficam a ganhar.
E nem é preciso estar bom tempo. As brincadeiras também acontecem quando está frio ou quando chove, desde que sejam tomadas as devidas precauções com o calçado e o vestuário.
Já tomaste a tua dose diária de ar puro…?
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