Geração Sem Fios
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Assiste-se, cada vez mais, a uma nova geração dependente das novas tecnologias: televisão, tablet, telemóvel, etc. São o que denomino de geração sem fios.
São bebés que começam a ficar dependentes do mundo virtual numa fase muito precoce da sua vida. Pedem mais e cada vez mais, e desligam-se do meio físico.
Desde muito cedo que nos veem a mexer no telemóvel, e claro, também querem mexer. O meu filho não é excepção.
Já quer fazer como os adultos, e passar o dedo pelo ecrã.
Tentamos ao máximo não mostrar-lhe coisas no telemóvel, porque sabemos que vai ficar viciado.
Temos duas televisões cá em casa, mas raramente são ligadas desde que ele nasceu (nem sabemos se ainda funcionam!).
Costumamos dizer que ele passou a ser a nossa televisão.
Muitos pais usam também os telemóveis, a televisão e os tablets para entreter um pouco os filhos.
Para poderem ter algum tempo para eles próprios, para tratar da casa, para não ouvirem as suas gritarias, etc.
E está tudo bem, se for apenas durante um tempo controlado, e soubermos o que estão a ver. Podemos até ir falando com eles sobre o que estão a ver, e para que possam também desenvolver um espírito crítico e analítico.
Não estou com isto a criticar os pais que agem de uma ou outra forma. Não existe uma única forma de educar. Cada família tem a sua dinâmica, e actua como achar mais correcto. O que resulta para uns, pode não resultar para outros.
Antes de criticarmos as atitudes dos outros, é bom tentarmos perceber a razão de agirem dessa forma.
Confesso que a nós já nos deu jeito mostrar vídeos ao nosso filho durante algum tempo, quando ele trouxe para casa um vírus da creche que… nos deu para ter vómitos e diarreia! Ao mesmo tempo! (desculpem a descrição!). Ficamos tão abalados que não conseguimos andar pela casa fora a correr atrás dele.
Naquela altura, a única solução imediata foi mostrar-lhe alguns vídeos.
Claro que os telemóveis dão jeito.
Vou contar-te outra história pessoal e verídica.
Quando a minha mulher engravidou, fomos acompanhados por duas doulas nossas amigas: uma presencialmente, e outra que estava no Brasil.
Que privilégio!
Depois de entrar em trabalho de parto, a minha mulher não podia usar o telemóvel. Estando sempre ao lado dela o tempo todo, o único contacto com o exterior era eu. E um pouco às escondidas, lá ia eu mandando mensagens às nossas doulas a contar o que se estava a passar, para que fossemos aconselhados de outra forma.
Afinal, somos pais de primeira viagem.
Eu próprio, na altura do parto do meu filho, não o perdi de vista um segundo que fosse, assim que ele entrou fisicamente neste mundo. Cortei-lhe o cordão umbilical e depois acompanhei-o à zona onde foram fazer os testes rápidos.
Claro que atrasámos o corte ao máximo para tentar chegar aos 3 minutos (eu a argumentar com a parteira e a contar os segundos no relógio da sala ao mesmo tempo!), para que ele ainda pudesse receber os últimos restos de sangue.
Logo de seguida, passaram-no para o meu colo, sem eu estar (psicológica e emocionalmente) preparado para o segurar nos meus braços.
Perguntei-me: “E agora??”
Mas depois o instinto paternal veio ao de cima e sentei-me com ele ao colo, ao lado da mãe. Ainda pedi à parteira para me deixar ver a placenta porque queria tirar uma foto, para ficar como recordação e para mostrar às nossas doulas.
Claro que depois ouvi um “raspanete” da parteira, que devia estar a aproveitar o momento e deixar o telemóvel em paz… mas era para uma boa causa.
Isto tudo para dizer que as novas tecnologias fazem falta, mas há que ter bom senso e saber quando as podemos usar.
Esta nova geração, que nasceu depois das redes sem fios aparecerem, é a primeira que está 24h por dia em contacto permanente com as radiações emitidas por estas redes.
Nesta era das novas tecnologias, é importante perceber que ainda não existem estudos com resultados fidedignos, que comprovem qual o impacto destas radiações no nosso cérebro.
Este tipo de radiação pode, inclusive, estar associado à perda de memória, diabetes, depressão, insónia, cansaço, etc.
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Todos nós (ou quase todos) temos redes sem fios em casa, porque dá jeito e porque vem incluído nos pacotes das operadoras de televisão.
Antes do nosso filho nascer, ainda tentámos comprar um aparelho que desse para desligar as redes sem fios cá de casa, mas chegámos à conclusão que, mesmo que conseguíssemos fazer isso, existem as redes dos vizinhos…
Há uns anos atrás, surgiu uma notícia que os adolescentes estavam a ficar com polegares “mutantes”, por jogarem muito tempo no telemóvel e nas consolas. Ou seja, de tanto usarem os polegares, estavam a desenvolver a sua destreza e os seus músculos de uma forma superior em relação aos restantes dedos (daí o nome “mutantes”).
Começam também a surgir dores no pescoço por estarmos sempre de cabeça baixa a olhar para o telemóvel.
Como pais, temos que dar o exemplo.
Se não deixamos os nossos filhos estar com o telemóvel, também não o podemos fazer quando estivermos com eles.
É necessário valorizar os momentos juntos e as refeições, que são um símbolo da família reunida e onde podemos falar de vários assuntos.
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Um dos grandes mentores de desenvolvimento pessoal (creio que Jim Rohn), certa vez referiu que desligava (repito, desligava) o telemóvel às refeições. O motivo? A família é muito mais importante que um telefonema. Mesmo que fosse o presidente dos Estados Unidos da América, ele não iria atender.
E já pensaste porque é que os grandes líderes mundiais das tecnologias têm grandes restrições no que diz respeito à sua utilização pelos seus filhos?
Steve Jobs (co-fundador da Apple), referiu numa entrevista que limita a quantidade de tecnologia que os seus filhos utilizam em casa.
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Nem os deixava, sequer, utilizar o iPad. Dizia que era muito perigoso e viciante para ele.
Ao jantar, gostava de juntar a família toda na mesa e falavam de história, livros, coisas do dia-a-dia. Ninguém tocava num computador ou num iPad. E mais, ninguém da sua família sabia o que era o iPad antes de ter sido publicamente lançado.
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Bill Gates (fundador principal da Microsoft), também restringe o tempo que os seus filhos estão em contacto com as novas tecnologias. Por exemplo, só lhes comprou telemóveis depois dos 14 anos, e definiu uma hora do dia a partir da qual não poderiam ter acesso aos mesmos, nem aos computadores.
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A maior parte de nós deixa os seus filhos utilizarem as tecnologias o mais cedo possível, sem restrições. Porque é engraçado vê-los a mexer, e assim ficam sossegados.
Mas, e as consequências, a longo prazo…?
E no entanto, estes senhores parecem saber algo mais, porque fazem precisamente o contrário.
Dá que pensar, não?…
Já desligaste o telemóvel hoje, e ligaste-te ao teu filho?
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